domingo, 8 de novembro de 2009

Período Pré-Socrático, principais filosofos e suas teses.

A filosofia pré-socrática se desenrolou num espaço de quase dois séculos. Mais precisamente, os primeiros filósofos escreveram e ensinaram entre os anos 585 a.e.c. - data do eclipse, previsto por Tales,- e 410 a.e.c. quando Sócrates já atuava, orientando o interesse para a filosofia moral.

Desde então muito se altera na situação do pensamento grego, o qual passou a se centralizar, pelo menos um século, em Atenas.

Foram os primeiros filósofos do mundo ocidental que se tem notícia, são chamados assim pelo fato se antecederem àquele que foi talvez o mais famoso e importante de todos os filósofos da humanidade, Sócrates. Surgiram fora da Grécia propriamente dita, nas prósperas colônias gregas da Ásia Menor, do Egeu (Jônia) e da Itália meridional, da Sicília, favorecido sem dúvida na sua obra crítica e especulativa pelas liberdades democráticas e pelo bem-estar econômico.

O legado desses primeiros filósofos que nos chega aos dias de hoje são apenas fragmentos de suas obras. São chamados de filósofos da natureza, por investigarem os processos naturais e por buscarem uma matéria única, mínima e homogênea que seria comum a todas as coisas. Romperam com a visão mítica e religiosa da natureza que prevalecia na época, adotando uma forma científica de pensar. Eram poetas, profetas desprendidos que qualquer luxo citadino ou demais coisas materiais, dedicando-se explicitamente ao estudo da Natureza.

Alguns se propuseram a explicar as transformações dos processos naturais. Tinham preocupação cosmológica. A maior parte do que sabemos desses filósofos é encontrada na doxografia de Aristóteles, Platão, Simplício e na obra de Diógenes Laércio séc. III d.e.c., Vida e obra dos filósofos ilustres. A partir do séc. VII a.ec., há uma revolução monetária da Grécia, e advêm a ela inovações científicas. Isso colaborou com uma nova forma de pensar, mais racional. Os pré-socráticos inspiraram a interpretação de filósofos contemporâneos como Nietzsche, que nos iluminou com a sua obra. A filosofia na época trágica dos Gregos e Hegel, que aplicou seu sistema na história da filosofia.

Os Pré-Socráticos conviveram com um pensamento grego cuja característica fundamental do pensamento estava na solução dualista do problema metafísico-teológico, na solução das relações entre a realidade empírica e o Absoluto que a explique, entre o mundo e Deus.

O período pré-socrático se redivide em fases e em escolas. As fases do período pré-socrático não se apresentam claras, podendo-se falar em fase antiga e fase nova. As escolas são determinadas bastantepela diferença de região, mas também pela diretriz doutrinária. No Oriente grego as escolas são mais empiristas ou racionalistas moderadas, e as do Ocidente (ou Itália), são mais racionalistas, e mesmo racionalistas radicais.

Didaticamente se insiste mais na divisão do período pré-socrático em escolas, que em suas fases de desenvolvimento. A divisão por escolas foi bastante condicionada pelas regiões geográficas, todavia não inteiramente.
São escolas pré-socráticas:

Escola jônica, a mais antiga, redividida, em fases, - escola jônica antiga, escola jônica nova, a que se acrescentam os seus epígonos;
Escola itálica, ou pitagórica, no Ocidente;
Escola eleática, também no Ocidente;
Escola atomista, na Grécia continental.
A divisão pelos autores é importante na filosofia pré-socrática, por causa do caráter fragmentário das informações e dúvida sobre muitas de suas idéias. Passamos a arrolar os filósofos pré-socráticos, distribuindo-os pelas suas escolas e seqüência cronológica.



Tales de Mileto (624-548 A.C.) "Água"

Tales de Mileto, fenício de origem, é considerado o fundador da escola jônica. É o mais antigo filósofo grego. Tales não deixou nada escrito mas sabemos que ele ensinava ser a água a substância única de todas as coisas. A terra era concebida como um disco boiando sobre a água, no oceano. Cultivou também as matemáticas e a astronomia, predizendo, pela primeira vez, entre os gregos, os eclipses do sol e da lua. No plano da astronomia, fez estudos sobre solstícios a fim de elaborar um calendário, e examinou o movimento dos astros para orientar a navegação. Provavelmente nada escreveu. Por isso, do seu pensamento só restam interpretações formuladas por outros filósofos que lhe atribuíram uma idéia básica: a de que tudo se origina da água. Segundo Tales, a água, ao se resfriar, torna-se densa e dá origem à terra; ao se aquecer transforma-se em vapor e ar, que retornam como chuva quando novamente esfriados. Desse ciclo de seu movimento (vapor, chuva, rio, mar, terra) nascem as diversas formas de vida, vegetal e animal. A cosmologia de Tales pode ser resumida nas seguintes proposições: A terra flutua sobre a água; A água é a causa material de todas as coisas. Todas as coisas estão cheias de deuses. O imã possui vida, pois atrai o ferro.

Segundo Aristóteles sobre a teoria de Tales: elemento estático e elemento dinâmico. Elemento Estático - a flutuação sobre a água. Elemento Dinâmico - a geração e nutrição de todas as coisas pela água. Tales acreditava em uma "alma do mundo", havia um espírito divino que formava todas as coisas da água. Tales sustentava ser a água a substância de todas as coisas.

Matemático e astrônomo grego nascido em Mileto, na Jônia, Ásia Menor, hoje Yeniköy, Turquia, além de um bem sucedido comerciante nos ramos de azeite e sal, é considerado o primeiro filósofo grego e o primeiro dos sete sábios da idade helênica, o pai da filosofia e o fundador da ciência física. Estudou geometria no Egito, onde mediu a altura das pirâmides pela sombra delas, e astronomia na Babilônia, sob o governo de Nabucodonosor. Fundou a primeira escola grega de filosofia, na Jônia, colônia grega na Ásia Menor, onde ficava Mileto, cidade destruída por Dario (494 a. C.). Considerado o criador da geometria dedutiva (585 a. C.), são-lhe atribuídas as deduções de cinco teoremas da geometria plana. Na astronomia dividiu a esfera do céu em cinco círculos, ou zonas: ártica, trópico de verão, equador, trópico de inverno e antártica, e foi o primeiro astrônomo a explicar o eclipse do Sol, ao verificar que a Lua era iluminada por esse astro.

Defendeu o conceito de que a Terra era plana e o ano solar de 365 dias. Introduziu uma revolucionária teoria cosmológica sobre a constituição do Universo e da Terra, na qual a água era o elemento do qual o mundo se originara e ao qual estava destinado a retornar. Ou seja, com base na teoria dos egípcios e mesopotâmios, pois os egípcios e mesopotâmios afirmavam que a água, o ar e a terra eram os elementos primários da natureza, afirmou que a água era o elemento fundamental do universo e de toda a constituição da matéria, ou seja, todas as coisas eram feitas de água e que os diferentes aspectos eram resultados das diferentes concentrações, e que o fogo e a terra eram os outros elementos da natureza. Posteriormente Empédocles de Agrigento, acrescentou-lhes um quarto, o éter, chamando-os de raízes das coisas, rizomata, que Aristóteles mais tarde os denominou de elementos. Os jônicos buscavam um único princípio das coisas para interpretação do universo.

Juntamente com Anaximandro e Anaxímenes, são considerados os principais pensadores da cidade de Mileto, cujas doutrinas, sobretudo as considerações sobre a phisis, marcaram o início da ciência e da filosofia ocidentais, e que constituíram a chamada escola milésica, jônica ou de Mileto, a qual se oporiam os eleatas, representantes do espírito dórico. A nova concepção de mundo dos milésios denominou-se logos, palavra grega que significa razão, palavra ou discurso. Para eles, segundo Aristóteles, a questão primordial não era o que sabemos, mas como o sabemos. Surgiu, assim, a primeira tentativa de explicar racionalmente o universo, sem recorrer a entidades sobrenaturais. Buscavam um princípio unificador imutável, ao qual chamaram arké, origem, substrato e causa de todas as coisas. Na hidráulica sua maior contribuição é a tese de que na natureza o melhor estudo é o obtido por observação direta.

Na política consta que defendeu a federação das cidades jônicas da região do Egeu e impediu uma aliança formal com Creso, último rei da Lídia (560-546 a. C.). Morreu em Mileto e foi o mais antigo dos filósofos pré-socráticos e também o primeiro geômetra grego, embora nenhum de seus escritos tenha chegado aos nossos dias, nem há fontes contemporâneas a seu respeito, e as realizações que lhe são atribuídas sejam baseadas em referências tardias como nos relatos dos historiadores gregos Diógenes Laércio e Heródoto e do filósofo Aristóteles, ou em lendas mantidas pela tradição. Consta, por exemplo, que teria demonstrado que dois ângulos opostos pelo vértice são iguais, em um triângulo isósceles os ângulos da base são iguais, qualquer ângulo inscrito em um semicírculo é reto e qualquer diâmetro divide o círculo em duas partes iguais, além do caso lado-ângulo-lado da igualdade de triângulos e, por essa razão, é considerado o pai da matemática dedutiva e a Jônia o berço da Matemática grega.



Teses

“... A água é o princípio de todas as coisas...”. - “... Todas as coisas estão cheias de Deuses...”. - “... A pedra magnética possui uma alma porque move o ferro...". - “... A alma é uma natureza sempre em movimento, ou que se move por si mesma...". - “... Deus é o mais antigo dos entes, porque ele é por si mesmo...”. - “...O mundo é isto, que de mais belo existe, porque ele é a obra de Deus...”. - “... O espaço é aquilo, que de maior existe, porque ele contém tudo...”. - “... A mente é isto, que de mais rápido existe, porque ela corre através de tudo...”. - “... A necessidade é o que há de mais forte, porque ela tudo rege...”. - "... O mais sábio é o tempo, porque ele descobre tudo...".

Anaximandro (611-547 A.C.) "Ápeiron"

Anaximandro de Mileto, geógrafo, matemático, astrônomo e político, discípulo e sucessor de Tales e autor de um tratado Da Natureza, põe como princípio universal uma substância indefinida, o ápeiron (ilimitado), isto é, quantitativamente infinita e qualitativamente indeterminada. Deste ápeiron (ilimitado) primitivo, dotado de vida e imortalidade, por um processo de separação ou "segregação" derivam os diferentes corpos. Supõe também a geração espontânea dos seres vivos e a transformação dos peixes em homens. Anaximandro imagina a terra como um disco suspenso no ar. Eterno, o ápeiron está em constante movimento, e disto resulta uma série de pares opostos - água e fogo, frio e calor, etc. - que constituem o mundo. O ápeiron é assim algo abstrato, que não se fixa diretamente em nenhum elemento palpável da natureza. Com essa concepção, Anaximandro prossegue na mesma via de Tales, porém dando um passo a mais na direção da independência do "princípio" em relação às coisas particulares. Para ele, o princípio da "physis" (natureza) é o ápeiron (ilimitado). Atribui-se a Anaximandro a confecção de um mapa do mundo habitado, a introdução na Grécia do uso do gnômon (relógio de sol) e a medição das distâncias entre as estrelas e o cálculo de sua magnitude (é o iniciador da astronomia grega). Ampliando a visão de Tales, foi o primeiro a formular o conceito de uma lei universal presidindo o processo cósmico total. Diz-se também, que preveniu o povo de Esparta de um terremoto. Anaximandro julga que o elemento primordial seria o indeterminado (ápeiron), infinito e em movimento perpétuo.

Teses

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I “... Nosso mundo é um dos muitos mundos que surgem de alguma coisa e se dissolvem no infinito...”.
II “...O que vem antes e depois do finito, tende a ser infinito...”.
III “... As estrelas são porções comprimidas de ar, com a forma de rodas cheias de fogo, e emitem chamas a partir de pequenas aberturas ...'' .
IV ”... O Sol é um círculo vinte e oito vezes maior que a Terra; é como uma roda de carruagem, cujo aro é côncavo e cheio de fogo, que brilha em certos pontos de abertura como os bicos dos foles ...''.
V “... O ilimitado é eterno...”
VI “... O ilimitado é imortal e indissolúvel...”

Anaxímenes de Mileto (588-524 A.C.) "Ar"
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Anaxímenes de Mileto é o terceiro e último importante filósofo da escola jônica antiga, no quadro ainda da fase milesiana.

Embora pouco se saiba de sua vida, ele é contudo citado com frequência para dizer que foi sua a proposição do ar como elemento básico na formação de tudo.
Dedicou-se à meteorologia, foi o primeiro a considerar que a lua recebe a luz do sol. Era companheiro de Anaximandro. Hegel diz que Anaxímenes ensina que nossa alma é ar, e ele nos mantém unidos, assim um espírito e o ar mantém unido o mundo inteiro. Espírito e ar são a mesma coisa.

Anaxímenes de Mileto, filho de Eurístrato, foi discípulo de Anaximandro. Nasceu quando Anaximandro tinha 25 anos, no mesmo ano do eclipse predito por Tales. Anaxímenes nasceu, quando Mileto ainda era florescente cidade independente e liderava as cidades da confederação jônica

O verdadeiro significado de Anaxímenes está em haver dado continuidade à ciência e à filosofia em curso. Por Anaxímenes se constata que a ciência e a filosofia, já nascidas, prosperam definitivamente por fora das tradições dogmáticas mitológicas.
A influência de Anaxímenes ocorreu sobre os mais diversos filósofos, como por exemplo Pitágoras, Melisso, Anaxágoras, Demócrito, Diógenes de Apolônia.

Segundo Anaxímenes, a arkhé (comando) que comanda o mundo é o ar, um elemento não tão abstrato como o ápeiron, nem palpável demais como a água. Tudo provém do ar, através de seus movimentos: o ar é respiração e é vida; o fogo é o ar rarefeito; a água, a terra, a pedra são formas cada vez mais condensadas do ar. As diversas coisas que existem, mesmo apresentando qualidades diferentes entre si, reduzem-se a variações quantitativas (mais raro, mais denso) desse único elemento. Atribuindo vida à matéria e identificando a divindade com o elemento primitivo gerador dos seres, os antigos jônios professavam o hilozoísmo e o panteísmo naturalista.

Teses

I “...O sol é largo como uma folha...".

II “... Do ar nascem todas as coisas existentes, as que foram e as que serão, os deuses e as coisas divinas...”.

III “... O Ar é Deus...”.

IV “... O ar contraído e condensado da matéria é frio, e o ralo e frouxo é quente. Como nossa alma, que é ar, soberanamente nos mantém unidos, assim também todo o Cosmo, sopro e ar mantém...''.

Heráclito (540-480A.C.).

Pertencia à aristocracia local. Chamado de “o obscuro”, pelo estilo hermético de sua obra, da qual restaram pequenos trechos dos escritos. A teoria dos opostos O mundo é um equilíbrio de tendência opostas que apesar de apontarem para direções contrária são na verdade idênticas. Seu objetivo é ético-político, não “científico” como o dos filósofos da natureza (não segue a linha de Tales).-“Todo acontecer é regido por leis universais” (para Heráclito: no sentido normativo de deveres comuns, não no sentido da teoria das invariações).“-” Unidade na diversidade” (identidade e invariação das coisas no rio (fluxo) de suas transformações: “Nunca podes entrar no mesmo rio pela segunda vez”. O rio pode ser identificado como o mesmo, embora que sempre haja transformações de situações, circunstâncias e coisas.

Teses

I "Os homens são deuses mortais e os deuses, homens imortais; viver é-lhes morte e morrer é-lhes vida".

II "Nos mesmos rios entramos e não entramos, somos e não somos".

III “... O movimento se processa através de contrários.."

IV “... Tudo se faz por contraste; da luta dos contrários nasce a mais bela harmonia...”

V “... Não podemos entrar duas vezes no mesmo rio, pois da segunda vez, tanto rio, como nós estaremos mudados...”.

VI "... Mais vale apagar o orgulho que um incêndio...".

VII “... Para mim, um homem vale trinta minas; uma multidão não vale nem uma só...”.

VIII "...Se há deuses, porque os chorais? Mas se os chorais, não os venerais como deuses...".

IX "...Bem dizia Heráclito: homens são deuses e deuses são homens, porque o logos é um só...”.

X "...Pois justamente também o nobre Heráclito vitupera a turba, como destituída de inteligência e raciocínio: que senso e intelecto é o deles? Deixam-se guiar por poetas errantes e amestrar pela multidão; não sabem que muitos são os maus, poucos os bons...”.

XI "O mais belo dos macacos é feio se se compara com a raça dos homens. O mais sábio dos homens, comparado com Deus parece um macaco em sabedoria, beleza e tudo o mais".

Demócrito ( 460 - 370 A.C )

Demócrito é o filósofo grego de Abderas cujas idéias foram muito importantes no desenvolvimento da teoria atômica da matéria.

Demócrito, discípulo de Leucipo, de quem adotou as idéias básicas e as desenvolveu, considerava o universo constituído de partículas indivisíveis, os atoma, em número infinito, invisíveis , eternos e em movimento através do kenon, ou vácuo, de extensão infinita.

Os átomos, na concepção de Demócrito, podiam ser diferentes uns dos outros, pela forma, posição, arranjo e peso.

Átomos lisos, como o da água, rolavam uns sobre os outros e conferiam fluidez ao corpo que constituiam.

Átomos de superfície rugosa, irregular, com reentrâncias, aderiam uns aos outros e formavam os corpos sólidos.

Como os átomos são eternos e todas as coisas constituídas por aglomerados de átomos, nascimento e morte são conceitos relativos.

Há "nascimento" quando há reunião de átomos em aglomerados e há "morte" quando eles se dispersam.

Considerava que o movimento dos átomos no universo não tem causa predefinida alguma e que não há princípio ou inteligência que os guie na sua trajetória.

O movimento destas partículas se dava em todas as direções e ao se chocarem produziam um redemoinho (dine) que segregava átomos iguais reunindo-os em aglomerados.

Estes formavam os corpos celestes e os objetos.

Acreditava também que havia uma quantidade inumerável de mundos de tamanhos diferentes, muitos deles sem sol e sem lua e muitos deles maiores que o nosso mundo.

As distâncias entre os mundos eram diferentes umas das outras e a ocorrência deles maior em algumas regiões e menor em outras.

Também podiam se destruir chocando-se uns com os outros.
Haveria muitos mundos sem criaturas viventes ou vegetação ou água.

um pouco mais ...

Demócrito concordava com seus antecessores num ponto: as transformações que se podiam observar na natureza não significavam que algo realmente se "transformava". Ele presumiu, então que todas as coisas eram constituídas por uma infinidade de pedrinhas minúsculas invisíveis, cada uma delas sendo eterna e imutável. A essas unidades mínimas Demócrito deu o nome de átomos .

A palavra "átomo" significa "indivisível". Para Demócrito era muito importante estabelecer que as unidades constituintes de todas as coisas não podiam ser divididas em unidades ainda menores. Isso porque se os átomos também fossem passíveis de desintegração e pudessem ser divididas em unidades ainda menores, a natureza acabaria por se diluir totalmente. Como uma sopa que vai ficando cada vez mais rala.

Além disso, as "pedrinhas" constituintes da natureza tinham de ser eternas, pois nada pode surgir do nada. Neste ponto, Demócrito concordava com Parmênides e com os eleatas. Para ele, os átomos eram unidades firmes e sólidas. Só não podiam ser iguais, pois se eles se combinarem para formar de papoulas a oliveiras, do pêlo de um bode ao cabelo humano.

Demócrito achava que existia na natureza uma infinidade de átomos diferentes: alguns arredondadas e lisos, outros irregulares e retorcidos. E precisamente porque suas formas eram tão irregulares é que eles podiam ser combinados para dar origem a corpos os mais diversos. Independentemente, porém, do número de átomos e de sua diversidade, todos eles seriam eternos, imutáveis e indivisíveis.

Se um corpo por exemplo, de uma árvore ou de um animal morre e se decompõe, seus átomos se espalham e podem ser reaproveitados para dar origem a outros corpos. Pois se é verdade que os átomos se movimentam no espaço, também é verdade que eles possuem diferentes "ganchos" e" engates"e podem ser novamente reaproveitados na composição de outras coisas que vemos ao nosso redor.

Hoje em dia podemos dizer que a teoria atômica de Demócrito estava quase perfeita.De fato,a natureza é composta de diferentes átomos,que se ligam a outras para depois se separarem novamente.Um átomo de hidrogênio presente numa célula da pontinha do meu nariz pode ter pertencido um dia à tromba de um elefante. Um átomo de carbono que está hoje no músculo do meu coração provavelmente esteve um dia na cauda de um dinossauro.

Hoje em dia, porém, a ciência descobriu que os átomos podem ser divididos em partículas ainda menores, as "partículas elementares". São elas os prótons, nêutron e elétrons. E talvez essas partículas também possam ser divididas em outras, menores ainda.

Mas os físicos são unânimes em achar que em alguma parte deve haver um limite para essa divisão. Deve haver as chamadas partículas íntimas a partir das quais toda a natureza se constrói.

Demócrito não teve acesso aos aparelhos eletrônicos de nossa época . Na verdade, sua única ferramenta foi a razão. Mas a razão não lhe deixou escolha. Se aceitamos que nada pode se transformar, que nada surge do nada e que nada desaparece, então a natureza simplesmente tem de ser composta por pecinhas minúsculas, que se combinam e depois se separam.

Demócrito não acreditava numa "força" ou numa "inteligência" que pudessem intervir nos processos naturais. As únicas coisas que existem são átomos e o vácuo, dizia ele. E como ele só acreditava no "material", nós o chamamos de materialista.

Por detrás do movimento dos átomos, portanto, não havia determinada "intenção". Mas isso não significa que os acontecimentos sejam "acasos", pois tudo é regido pelas inalteráveis leis da natureza. Demócrito acreditava que tudo o que acontece tem uma causa natural; uma causa que é inerente à própria coisa. Conta-se que ele teria dito que preferiria descobrir uma lei natural a se tornar rei da Pérsia.

Para Demócrito, a teoria atômica explicativa também nossas percepções sensoriais. Quando percebemos alguma coisa, isso se deve ao movimento dos átomos no espaço. Quando vejo a Lua, isso acontece porque os "átomos da Lua" tocam os meus olhos.

Mas o que acontece com a consciência ? Está aí uma coisa que não pode ser composta de átomos, quer dizer, de "coisas"materiais, certo?

Errado. Demócrito acreditava que a alma era composta por alguns átomos particularmente arredondados e lisos, os "átomos da alma". Quando uma pessoa morre, os átomos de sua alma espalham-se para todas as direções e podem se agregar a outra alma, no momento mesmo em que essa é formada.

Isso significa que o homem não possui uma alma imortal. E esse é um pensamento compartilhado por muitas pessoas em nossos dias. Com Demócrito, elas acreditam que a alma está intimamente relacionada ao cérebro e que não podemos possuir qualquer forma de consciência quando o cérebro deixa de funcionar e degenera.

Com sua teoria atômica, Demócrito coloca um ponto final, pelo menos temporariamente, na filosofia natural grega. Ele concorda com Heráclito em que tudo "flui" na natureza, pois as formas vão e vêm. Por detrás de tudo que flui, porém, há algo de eterno e de imutável, que não flui. A isso ele dá o nome de átomo. Ele tinha encontrado a solução para os problemas do "elemento básico" e das "transformações". Essa questão era tão complicada que os filósofos tinham levado gerações quebrando a cabeça com ela. No fim, Demócrito resolvera todo o problema, usando para isso apenas a sua razão. Tinha de ser verdade que a natureza era composta de partículas minúsculas que nunca se modificavam. Ao mesmo tempo, Heráclito também tinha razão ao dizer que todas as formas da natureza "fluem". Isso porque todos os homens e todos os bichos morrem, e até essa montanha vai se desintegrando aos poucos. O importante, porém, é que até essa montanha é composta de minúsculas partes, indivisíveis, que nunca se desintegram.

Ao mesmo tempo, Demócrito colocara ainda outras questões para a reflexão. Por exemplo, ao dizer que tudo acontecia mecanicamente. Ao contrário de Empédocles e Anaxágoras, ele não acreditava na força de interferências espirituais sobre a vida. Além disso, Demócrito não acreditava que o homem possuía uma arma imortal.

Teses

I “... Os cosmos [ou mundos] são ilimitados; surgem e se decompõem. Nada pode vir à existência a partir do não existente; nada do que é, passa ao que não existe. E os átomos são ilimitados em tamanho e multidão...”.
II “...Os átomos não são divisíveis, e não há divisão até o ilimitado...”.
III “... Tudo acontece pelo destino, trazendo este destino consigo a força da necessidade...'' .
IV ”...Os cosmos são ilimitados; surgem e se decompõem...''.
V “...Só o temor à morte cria às falsas legendas sobre o estado de depois da morte" Demócrito de Abdera, Atomista
a alma é perecível e desaparece com o corpo...”
VI “...O prazer e a dor são o critério do útil e do prejudicial...”

Pitágoras (570-496 A.C)

Pitágoras de Samos, um dos "sete sábios da Grécia", foi filósofo e matemático, moralista e fundador no sul da Itália de uma comunidade religiosa, denominada por isso mesmo pitagórica, ou simplesmente escola itálica.

Ainda que não tenha deixado escritos, sua doutrina se transferiu oralmente ao que o seguiram. Fosse através da comunidade que fundou, fosse através dos escritos criados neste contexto, Pitágoras influenciou toda a antiguidade, inclusive ao cristianismo e ainda hoje continua a inspirar algumas organizações sociais de cunho místico.

Vida - A biografia de Pitágoras contém episódios lendários, os quais todavia confirmam haver sido pessoa tida em alto apreço e influência. Figura Pitágoras entre os filósofos pré-socráticos sobre os quais Diógenes Laércio, do séc. III a.e.c., mais vastamente informou. Entretanto, as fontes biográficas próximas ao tempo do mesmo Pitágoras são poucas e parcas nas informações. Este fato parece dizer que os episódios de sua vida vieram crescendo no curso dos séculos, como facilmente acontece com os líderes religiosos.

Os informes doxográficos crescem somente com os autores tardios, situados já ao tempo da era cristã, quando o pitagorismo já assumia as novas formas do neopitagorismo e mesmo do neoplatonismo, num contexto moral e religioso, típico do período helênico-romano.

Datam deste tempo tardio Apolônio de Thyana e Nicômaco de Gerasa, - estes neopitagóricos, sobre os quais logo se apoiarão Diógenes Laércio (VII, 1-50), Porfirio (Vivo de Pitagoro), Jâmblico (Vida de Pitágoras). As aproximações entre pitagorismo e cristianismo, bem como oposições, fizeram com que algumas informações sobre o referido pitagorismo fossem dados por autores cristãos.

Mestres de Pitágoras - Aparentemente, Pitágoras pertenceu a uma rica família de comerciantes gregos. Nesta condição pode facilmente viajar, contatando homens de saber e mesmo aprender por obra da observação sobre os costumes e doutrinas vigentes em outras regiões, sobretudo do Oriente. O informe de Diógenes Laércio, dizendo que Pitágoras é filho de Mármaco, acrescenta "que indo ele à Lesbos [capital Mitilene], seu tio Zojlo o recomendou à Ferécides". Pouco adiante complementa: "Ele teve como mestre, Ferécides de Siros, indo depois da morte deste para Samos, para ouvir a Hermodamos, neto de Cléofilo, então já idoso" (D. L., VII, 2).

Como se sabe Ferécides de Siros é um personagem importante do pensamento órfico iraniano que então penetrava no Ocidente, e haveria de generalizadamente influenciar a filosofia e as religiões.

Teses



A melhor maneira que o homem dispõe para se aperfeiçoar, é aproximar-se de Deus.

Pitágoras

Educai as crianças, para que não seja necessário punir os adultos.

Pitágoras

Com organização e tempo, acha-se o segredo de fazer tudo e bem feito.

Pitagoras

Ajuda o teu semelhante a levantar a carga, mas não a levá-la.

Pitágoras

Em estado de dúvida, suspende o juízo.

Pitágoras

A vida é como uma sala de espectáculos; entra-se, vê-se e sai-se.

Pitágoras

O homem é mortal por seus temores e imortal por seus desejos.

Pitágoras

A verdadeira amizade significa unir muitos corações e corpos num coração e num espírito.

Pitágoras

Os amigos têm tudo em comum, e a amizade é a igualdade.

Pitágoras

Os homens são miseráveis, porque não sabem ver nem entender os bens que estão ao seu alcance.

Pitágoras

O universo é uma harmonia de contrários.

Pitágoras

O homem é mortal por seus temores e imortal pelos seus desejos.

Pitágoras

Não te gabes de ser adorado por uma mulher que se adora muito.

Pitágoras

Se o que tens a dizer não é mais belo que o silêncio, então cala-te.

Pitágoras

Purifique teu coração para permitir que o amor entre nele, pois até o mel mais doce azeda no recipiente sujo.

Pitágoras

Escuta e serás sábio. O começo da sabedoria é o silêncio.

Pitágoras

Pensem o que quiserem de ti; faz aquilo que te parece justo.

Pitágoras

Não pede nada nas tuas preces, porque tu não sabes o que é útil e só Deus conhece as tuas necessidades.

Pitágoras

Não é livre quem não obteve domínio sobre si.

7 comentários:

  1. mtu bom me ajudou a fzer grande parte do meu trabalho

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  2. muito legal esse ensaio,me ajudou muito no meu trabalho

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  3. MUITO BOM ESSA INFORMAÇÃO AJUDOU MUITO MEU TRABALHO

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  4. otimo gostei muito facilitou meu trabalho de escola

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